O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino (ENEM) 2021 foi realizado na tarde deste domingo (21). Os alunos responderam a 90 questões objetivas, sendo 45 das disciplinas de Ciências Humanas e suas Tecnologias (história, geografia, filosofia e sociologia) e outras 45 perguntas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (português, literatura, língua estrangeira, arte, educação física e tecnologias da informação e comunicação), além da redação dissertativa.
Os professores do Colégio Núcleo se reuniram para comentar as questões do 1º dia de Enem e o tema da redação.
Confira os comentários:
Redação
O tema da redação do Enem deste ano foi “Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Para o professor de redação, Anderson Ferreira, a escolha do tema deste ano foi excelente. E apesar de parecer um assunto bastante específico para os concorrentes, ele possui um debate que pode ser amplo e diversificado. “É uma temática desafiadora, mas para qual há muitas ideias e argumentos. A partir dela, é possível iniciar um caminho rumo à eliminação da invisibilidade social e ao desenvolvimento humano no país”, explicou. O tema foi trabalhado com os estudantes do Colégio Núcleo durante o ano letivo, além de outros assuntos como direitos que variam do acesso à educação até aos direitos políticos, que podem ser utilizados no desenvolvimento do texto dissertativo.
A professora de redação, Maria Eduarda Gonçalves, acredita que o tema propõe uma reflexão significativa sobre as pessoas que estão em situação de invisibilidade por não possuírem documentos de identificação, como RG, registro civil e CPF. “Esses casos são mais comuns entre os que vivem em áreas rurais, indígenas, refugiados ou entre pessoas em situação de sua. Espera-se que os estudantes consigam fazer uma leitura crítica de toda essa conjuntura e consigam se posicionar sobre os riscos dessa invisibilidade”, explicou.
Na proposta de intervenção, a professora espera que os alunos tenham desenvolvido uma relação entre ampliação no número de cartórios envolvidos com registros civis, além de uma maior aproximação entre o que é proposto pela Constituição e o que acontece na prática.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Foram 45 perguntas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, divididas em português, literatura, língua estrangeira, arte, educação física e tecnologias da informação e comunicação. Segundo o professor de português, Jailton Nóbrega, o foco estava voltado para a compreensão ativa dos textos, tanto em relação às estratégias argumentativas ou na interpretação de textos. “Percebemos grande variedade de gênero, não só no âmbito dos textos verbais, passando pelos textos multimodais, culminando na análise de múltiplas linguagens artísticas”, explicou. O Enem também abordou temáticas de grande relevância social relacionadas à questão do negro, das mulheres, dos excluídos sociais (refugiados e encarcerados), além de uma predominância de textos sobre variedades linguísticas e tecnologias e suas implicações.
Para a professora de literatura, Kelly Pimentel, a prova foi bem direcionada, em seu âmbito artístico-cultural, e fez um grande apanhado de nomes importantes de alguns gêneros e movimentos que marcaram o cenário nacional. “Dentre os autores da Literatura brasileira, o destaque foi, com certeza, para Machado de Assis, explorado em três questões. Porém, nomes como Guimarães Rosa, Lima Barreto, Manoel de Barros e Hilda mantiveram ‘cadeira cativa’ no exame”, comentou. Ainda em relação aos movimentos culturas, a prova não abordou as famosas Vanguardas Europeias, mas fizeram referências ao Romantismo. “A banca foi feliz ao trazer a produção de Victor Meireles, pintor do Romantismo, numa referência marcante à obra Caramuru, o movimento Pop Art e o gênero ‘canção de protesto’ dos anos 70 com ‘Comportamento Geral’ de Gonzaguinha”, finalizou.
Ciências Humanas e Suas Tecnologias
Para o professor de história geral, Everaldo Chaves, as questões trouxeram gratas surpresas pelo reaparecimento de assuntos. “Alguns assuntos reapareceram e foram problematizados, como as Revoluções Inglesas do século XVII. A distribuição dos conteúdos atendeu as expectativas, com perguntas sobre Idade Média, Revolução Industrial, Nacionalismo e o papel da mulher, patrimônio e sobre a cultura africana”, disse.
O professor Everaldo acha também que a prova atendeu às competências e habilidades que foram propostas no edital mesmo com a ausência de alguns conteúdos. “Acreditamos que os estudantes que foram orientados se sentiram confiantes e confortáveis durante a avaliação”, opinou o professor.
Na edição deste ano, a prova deu maior ênfase ao programa de história do Brasil. “Vimos questões que tocaram em todas as fases da nossa trajetória política (colônia, império e república), resultando num conteúdo que foi bem distribuído ao longo da avaliação”, contou o professor de História do Brasil, Ian Chaves. Outros assuntos que não foram citados em outras edições do exame voltaram a aparecer em 2021, como o do Presidente Getúlio Vargas. O destaque da prova ficou com a temática da escravidão, que foi abordada em três perguntas. “O sentimento agora é de dever cumprido, com uma edição que contemplou o que foi trabalhado e estudado durante o ano”.
Nas 15 questões da disciplina de geografia, os assuntos relacionados à agricultura, indústria e geografia humana prevaleceram mais uma vez. De acordo com a professora de Geografia, Amália Guimarães, a prova foi marcada por perguntas com textos interdisciplinares longos e poucas representações cartográficas. “Destacamos os seguintes itens da prova branca: a questão 50 sobre a importante relação sócio espacial indígena e a preservação ambiental do bioma do Cerrado e a questão 74 sobre a diversidade regional, que traz a semiaridez do município de Cabaceiras, na Paraíba, numa concessão da experiência perceptiva do sertanejo. Outras temáticas poderiam ter estado presentes, mas foi uma excelente avaliação”, analisou Amália.
Por último, as questões de Sociologia e Filosofia trouxeram temas importantes que valorizaram o estudante com um olhar mais crítico e analítico, abordando assuntos como: sociologia brasileira, indústria cultural, cidadania e divisão social do trabalho. O destaque foi para a questão 46 da prova azul, que retratou o cotidiano do trabalhador contemporâneo que utiliza de ferramentas digitais como o Whatsapp. “Em filosofia, a questão 87 sobre Ética em Nietzsche foi muito bem elaborada, abordando a sua crítica à moral cristã, mas de uma forma específica”, finalizou o professor Miquéias Soares.
O último dia do Enem será no próximo domingo (28) com Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Inf. Diário de Pernambuco
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