Do UOL
A carne de frango brasileira rejeitada no Reino Unido por
contaminação pela bactéria salmonela volta ao Brasil e é revendida no
mercado nacional. A prática foi descoberta por investigação conduzida
pela Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e o
Bureau of Investigative Journalism, que comprovou que, entre abril de
2017 e novembro de 2018, cerca de 1 milhão de aves congeladas (ou 1.400
toneladas) foram vetadas nos portos do Reino Unido por não atenderem aos
padrões sanitários europeus - mais rigorosos do que os verificados por
aqui.
Mesmo após a Operação Carne Fraca, que apontou problemas no controle
de qualidade da carne em 2017, portos europeus continuam rejeitando
entrada de contêineres brasileiros com produtos contaminados. Esta carne
volta ao Brasil, é processada e chega às prateleiras dos supermercados.
O retorno ao Brasil de parte dos contêineres com produtos
contaminados foi comprovado por documentos internos obtidos junto à
agência britânica de padrões alimentares (Food Standards Agency). Além
de confirmarem a volta desse frango contaminado ao Brasil, o Ministério
da Agricultura e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
esclareceram o que acontece com essa carne quando volta ao país.
No mercado brasileiro, o produto vetado pode seguir dois caminhos, a
depender do tipo de salmonela presente. Se forem bactérias com risco
potencial à saúde humana – o que acontece em menos de 1% dos casos,
segundo o ministério –, o frango contaminado é cozido, e a carne é
processada em subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e
mortadelas de frango. Já se a contaminação for por bactérias que não
apresentam riscos à saúde, o produto "in natura" é colocado no mercado
interno e chega aos açougues e supermercados.
O cozimento ou a fritura da carne contaminada mata os
micro-organismos e elimina o risco à saúde, de acordo com a diretora do
Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal (Dipoa), do
Ministério da Agricultura, Ana Lucia Viana. Existem cerca de 2.600 tipos
de salmonela, mas não são todos que causam infecções alimentares em
humanos. Há dois tipos, porém, que podem levar à morte.
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