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Relembre: viagens internacionais Nenhum outro presidente brasileiro viajou tanto nos primeiros seis meses de mandato, mas há poucos resultados concretos para a grande quantidade de gafes |
EXAME - Clara Cerioni
Próximo de completar seis meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro está no Japão para participar da cúpula do G20, sua sétima viagem internacional desde assumir o cargo em janeiro.
Até agora, ele já passou por Suíça,
Chile, Israel e Argentina, além de ter ido duas vezes aos Estados
Unidos. Nenhum outro presidente brasileiro fez tantas visitas oficiais a
países estrangeiros no mesmo período de início de mandato desde a redemocratização.
Um dos anúncios concretos das viagens
foi o apoio americano para o pleito do Brasil de entrar na OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Oficializado recentemente pelos diplomatas americanos, é um dos passos
de um processo que ainda deve durar alguns anos.
Na Argentina, o alinhamento de Bolsonaro
com o presidente Mauricio Macri, que está diante de uma tentativa
desafiadora de se reeleger em outubro, contribuiu para o avanço
tratativas do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Membros do governo brasileiro dizem que a assinatura está próxima após mais de vinte anos de negociações.
Em praticamente todas as viagens de
Bolsonaro, contudo, a maior repercussão tanto interna quanto
externamente tem sido de falas e acontecimentos considerados exóticos
para um chefe de estado.
No caso de sua visita atual para o Japão, por exemplo, um
militar que acompanhava a comitiva presidencial em avião oficial da
Força Aérea Brasileira (FAB) foi preso durante uma das escalas do voo,
na Espanha por estar transportando 39 quilos de cocaína.
Veja a seguir alguns dos destaques das viagens do presidente Jair Bolsonaro ao exterior.
Davos, Suíça
Vinte dias após tomar posse, Jair
Bolsonaro viajou para participar do Fórum Econômico Mundial, considerada
a principal reunião anual da elite global.
Ele foi o primeiro presidente do
hemisfério sul, primeiro da América Latina e primeiro fora do G7 a abrir
o evento, e era alvo de intensa curiosidade internacional. A julgar pelas reações naquele dia, a oportunidade foi perdida.
Nesta mesma viagem, o presidente
cancelou de última hora e de forma atabalhoada uma coletiva de imprensa
que faria ao lado dos ministros Ernesto Araújo, Paulo Guedes e Sergio
Moro.
Israel
Em sua viagem para Israel, comandado
pelo seu aliado declarado Benjamin Netanyahu, o presidente brasileiro
rompeu com a tradição diplomática brasileira ao visitar o Muro das
Lamentações, local sagrado que é um dos focos de disputa entre Israel e
Palestina.
Durante sua passagem pelo país,
Bolsonaro também afirmou que “nazismo é de esquerda”, tese defendida
pelo ministro Ernesto Araújo mas rechaçada por historiadores e entidades
da sociedade civil.
Um de seus compromissos em Israel foi
uma visita ao Yad Vashem, o museu mundial de memória do Holocausto,
quando 6 milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista de
Hitler.
De acordo com o site do museu, o Partido
Nazista teve origem em grupos radicais de direita, posição oficial
também do governo alemão.
Dallas, Estados Unidos
A segunda viagem do presidente aos EUA
foi para receber uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil-EUA que
deveria acontecer em cerimônia no Museu de História Natural de Nova
York.
No entanto, os organizadores sofreram
pressão para cancelamento por parte de entidades civis e do prefeito da
cidade, Bill de Blasio, devido às declarações do presidente contra LGBTs
e em favor do desmonte de políticas de proteção ambiental.
O evento também perdeu patrocinadores e
acabou sendo remarcado para Dallas, no Texas, onde Bolsonaro visitou o
ex-presidente americano George Bush.
O republicano, contudo, foi pego de
surpresa pela presença de Bolsonaro. Um assessor de imprensa do
ex-presidente afirmou a VEJA que Bush não fora consultado previamente
nem convidara o brasileiro para um encontro.
Nessa mesma visita, Bolsonaro acabou se
enrolando ao tentar fazer um afago aos seus anfitriões. No encerramento
do discurso na cerimônia de homenagem, ele disse “Brasil e Estados
Unidos acima de tudo, Brasil e Es… acima de todos!”.
A frase original, usada pelo presidente desde a campanha, é “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
(Magno Martins)
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