A inclusão do projeto de Decreto
Legislativo 005/18, de autoria do vereador Ronaldo Silva (PSDB) –
concedendo o título de Cidadão Petrolinense ao ex-juiz e atual ministro
da Justiça Sérgio Moro -, na pauta de votação da Casa Plínio Amorim
nesta terça-feira (18), tinha todos os ingredientes para deixar os
ânimos exaltados. Mas o que se viu hoje foi ainda pior.
Entre discursos dos vereadores
favoráveis e contrários ao projeto, o autor da proposta passou do ponto
ao defender o homenageado (alvo de graves denúncias enquanto comandou a
Operação Lava Jato), o que causou inclusive um certo constrangimento em
sua própria bancada. A primeira polêmica de Ronaldo foi em relação à
vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio de Janeiro (RJ),
em 2018, juntamente com o motorista dela.
Ao justificar que esse crime foi
amplamente repercutido no país, enquanto o assassinato do garoto Rhuan
Maycon, de apenas 9 anos, que foi esquartejado pela própria mãe e a
companheira dela, no início deste mês no Distrito Federal, não teve o
mesmo destaque na mídia, Ronaldo ouviu de um cidadão no plenário a
seguinte frase: “Marielle vive”. Imediatamente o vereador respondeu: “vive só se for no inferno”.
Mas Ronaldo não parou por aí.
Dirigindo-se ao oposicionista Gilmar Santos (PT), um dos que votaram
contra o projeto, o governista devolveu o comentário de Gilmar sobre o
então maior nome do PSDB, Aécio Neves, quando se referiu ao hoje
deputado federal como “Aécio cheira pó”. Segundo Ronaldo, o vereador petista seria conhecido na cidade como “Gilmar maconheiro”.
O governista, no entanto, tentou consertar a declaração ao justificar que “teria ouvido dizerem” isso de Gilmar. “Eu não estou afirmando”, alegou Ronaldo.
Resposta
Gilmar, porém, não se convenceu da
justificativa e partiu para o revide. O oposicionista afirmou, para
começar, que as divergências nos debates travados por ele com seus
colegas de legislativo são no campo político, não no pessoal. “A gente debate projetos, não pessoas”,
O petista frisou também não ter medo de ataques a sua vida particular, principalmente quando vêm orientados por “difamação, calúnia, mau-caratismo e cretinismo político”. “É o desespero, a falta de argumento político que leva a essa baixaria, que não interessa à população de Petrolina”, desabafou.
Ele disse ainda que entre seus colegas Ronaldo é conhecido como “doido”, mas para Gilmar sua conduta não é de doido. “O
comportamento do senhor é imoral, agride e rebaixa ainda mais esta
Casa, inclusive quebrando o decoro. Assim como respeito a todos, eu
exijo respeito”, complementou, acrescentando que tem uma vida de serviços prestados como professor à sociedade petrolinense. “Nunca
ouvi nenhum aluno dizer que teve vergonha do meu trabalho. Pelo
contrário, sou parabenizado e reconhecido todos os dias. E quero lembrar
que quem me elegeu foi boa parte dos meus alunos e meus colegas
professores”, arrematou.
Coube ao líder da bancada de situação,
Aero Cruz (PSB), pedir desculpas a Gilmar pelo incidente. Na votação, a
proposta acabou recebendo 16 votos a favor e três contra, além de serem
registradas duas abstenções. Uma delas foi a do vereador Gabriel Menezes
(PSL), o qual justificou que no momento em que pairam sérias denúncias
sobre uma possível parcialidade de Moro durante a atuação da Lava Jato,
não poderia votar favorável ao projeto de Ronaldo.
Carlos Britto
Carlos Britto
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