O ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou nesta terça-feira
(7) que tenha havido cortes na verba das universidades federais. Segundo
ele, o que houve foi um contingenciamento. “Não houve corte, não há
corte. Há um contingenciamento. Se a economia tiver um crescimento com a
aprovação da nova Previdência, e eu acredito nisso, isso vai retomar a
economia. Retomando a dinâmica, aumenta a arrecadação e descontigencia”,
garantiu ao ser questionado na Comissão e Educação do Senado sobre o
anúncio feito na semana passada de bloqueio de 30% da verba de
instituições federais de ensino superior.
Weintraub se disse surpreso com a repercussão da decisão e defendeu o
contingenciamento que, segundo ele, é sobre “uma parte pequena do
volume total de despesas”, que atinge apenas a parte discricionária das
universidades federais: “A folha de pagamento e o refeitório estão
integralmente preservados”. Ele disse ainda que as 65 universidades
federais custam, em média, R$ 1 bilhão por ano.
O ministro disse que pretende dar mais autonomia às universidades,
mas que isso não pode ser confundido com apoio ao que chamou de
“soberania” dessas instituições. Nesse sentido, ele criticou o uso de
drogas dentro de universidades públicas e defendeu a entrada da polícia
nos campi universitários para combater o consumo de substâncias
ilícitas. “A autonomia universitária não é soberania”, disse. “Se tem
coisa acontecendo dentro, por que a polícia não pode entrar [nas
universidades]? Não tem que ter consumo de drogas, está errado. Sou
contra isso”, afirmou.
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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado - Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Educação básica
Ao falar sobre os desafios do MEC, Weintraub enfatizou que a educação
básica será a prioridade da pasta. “A gente aqui no Brasil quis pular
etapas, colocou dinheiro demais no teto e esqueceu a base”, disse.
As diretrizes apontadas no âmbito do Plano Nacional de Educação (PNE)
incluem alfabetização, investimentos no ensino médio e valorização do
ensino técnico. Weintraub defendeu ainda que o governo descentralize as
tomadas de decisão da área. “Os heróis da alfabetização estão lá na
ponta, nas cidades”, disse ao ressaltar que os alfabetizadores precisam
voltar a ser respeitados.
Humanas X Exatas
Weintraub também falou sobre a decisão de reduzir investimentos na
área de humanas e priorizar as disciplinas de exatas e biológicas, como
engenharia e medicina. Segundo ele, a decisão está baseada em números e
critérios técnicos.
Weintraub disse que apenas 13% da produção na área de Ciências
Sociais Aplicadas, Humanas e Linguística têm impacto científico. Ainda
assim, segundo ele, a maioria das bolsas da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são de estudantes
da área de Humanas. "Gente que é paga para estudar", disse acrescentando
que, na maioria dos casos, esse investimento não traz retorno efetivo
ao país.
O ministro se colocou à disposição para debater o tema "de peito
aberto" com o Congresso e disse que o MEC não quer impor nada a ninguém:
"o diálogo tem que ser feito com base em números, dados e premissas
racionais. [Espero] que a gente se livre um pouco dos preconceitos”.
Fies
Sobre o programa de financiamento estudantil (Fies) o ministro voltou
a dizer que o dinheiro investido pelos governos anteriores serviu para
inflar os cursos de graduação nas instituições privadas. Na avaliação de
Weintraub, o programa fez com que os alunos criassem dívidas e ficassem
sem emprego. “É uma tragédia o financiamento estudantil. São 500 mil
jovens começando a vida com o nome sujo“, criticou.
Agência Brasil
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