Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
possibilitará, a produtores e autoridades sanitárias, identificar e
mensurar o uso de agroquímicos – em especial pesticidas e fungicidas –
nas frutas e legumes consumidos no país.
Segundo pesquisadores, a técnica poderá ser usada também para checar
se os produtos enviados ao exterior estão em conformidade com a
legislação estrangeira no que se refere a agrotóxicos.
O orientador da tese, professor do Instituto de Química da UFG,
Boniek Gontijo, explica que a técnica permite, também, evitar “as
discrepâncias entre a quantidade sugerida nos rótulos de agrotóxicos e a
quantidade suficiente para que o agroquímico exerça sua função. Em
geral, eles sugerem uma quantidade maior do que a necessária, com o
objetivo de aumentar seus lucros”, justificou o professor.
Desenvolvida em parceria com a Louisiana State University (EUA), a
técnica foi usada, inicialmente, para identificar o nível de penetração
do fungicida imazalil em maçãs.
“Constatamos que a substância penetra além da casca da fruta,
atingindo em pouco tempo suas estruturas internas, o que pode prejudicar
a saúde do consumidor, mesmo que a casca seja lavada”, disse à Agência Brasil o orientador do estudo.
Molécula não é degradada pela luz
“Ao contrário do que é dito nas especificações do fungicida, sua
molécula não é degradada pela luz e, com isso, acaba penetrando na
fruta”, acrescentou, referindo-se especificamente ao imazalil, utilizado
para inibir o desenvolvimento de fungos, postergando o apodrecimento do
produto.
Contatada pela Agência Brasil, a Associação Brasileira dos Produtores de Maça (ABPM) informou que este fungicida não é usado nos produtos nacionais.
“O ingrediente ativo Imazalil, apesar de estar registrado para uso em
pós-colheita, não é utilizado na cultura da maçã no Brasil. Ademais, segundo relatório da Anvisa,
publicado em 2016, de 764 amostras enviadas para análise de resíduos,
apenas 0,65% ou 5 amostras detectaram a presença de resíduos de
Imazali”, explica o diretor executivo da ABPM, Moisés Lopes de
Albuquerque.
Ele acrescenta que, para fazer o levantamento, a Anvisa coleta
amostras na gôndolas de supermercados, o que inclui maçãs nacionais e
importadas. “Portanto, relacionamos a detecção da substância em 5
amostras à fruta importada”, afirmou. Segundo Moisés Albuquerque, de
cada 10 maçãs consumidas no Brasil, 9 foram produzidas em solo
brasileiro.
A Agência Brasil confirmou que as maçãs usadas no estudo da UFG não
foram produzidas no Brasil. “Usamos, no estudo em parceria com a
universidade norte-americana, maças comercializadas naquele país para
avaliar como se dá a penetração de pesticidas em frutas. Trata-se de um
estudo piloto no sentido de identificarmos maneiras mais fáceis de
avaliar a penetração de fungicidas em frutas e legumes”, disse Boniek
Gontijo.
“Apesar de o Brasil não fazer uso deste fungicida, a técnica
desenvolvida permite desenvolvermos métodos sobre a aplicação de outros
pesticidas, fungicidas ou agroquímicos em outros hortifrutis. Inclusive,
já estamos trabalhando com tomate em uma abordagem similar”,
acrescentou.
Agencia Brasil
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