
“Não
leve problemas do trabalho para casa” é algo que já virou um mantra
para quem deseja separar a vida pessoal da profissional. Por outro lado,
quando se faz o trajeto inverso, e as dificuldades de casa chegam ao
ambiente laboral, o profissional pode comprometer sua posição na
empresa. Como é impraticável implantar uma linha que divida sua postura
entre um ambiente e outro, o ideal é compartilhar com o gestor – sem
grandes alardes – a experiência mal sucedida.
Roberto* é assistente administrativo e
viu seu emprego escapar de suas mãos quando, após ter o carro roubado e
contrair dívidas, separou-se de sua esposa, com quem era casado há 12
anos. “Parece que tudo começou a dar errado em minha vida. Eu já não
conseguia pensar em outra coisa que não na tristeza que se abateu sobre a
minha casa. No trabalho, passei a não participar muito das conversas e
ficava disperso nas reuniões”, relembrou. Mesmo percebendo que estava
rendendo menos, o assistente acreditava que não seria certo envolver seu
gestor nos problemas de sua família e evitava contar o que acontecia.
“Até que ele me chamou e perguntou se eu já não estava mais satisfeito
com o trabalho. Foi o momento em que decidi contar a verdade. Para a
minha surpresa, foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Além de
conseguir desabafar, ele ainda sugeriu que eu tirasse férias para
conseguir resolver meus problemas. Deu certo”, afirmou.
De acordo com a psicóloga Alexandra
Pontes, professora da Faculdade dos Guararapes, se existe um problema
interferindo no trabalho é interessante compartilhar com o chefe. “Esse
momento pode ser importante, isto é, dependendo da liderança. O gestor
pode ouvir acolhendo aquele colaborador e essa atitude pode servir para
aliviar a tensão a qual ele está passando. O funcionário pode ver essa
atitude também como valorização por parte da empresa. O papel da
organização, nesse momento, é a compreensão. Uma conversa pode minimizar
a tensão do problema”, esclareceu a especialista.
Ainda segundo Alexandra, o profissional
pode perceber que seus problemas pessoais o estão afetando no trabalho,
especialmente pela sua baixa produtividade. “Podemos perceber que os
problemas estão atrapalhando quando somos chamados para conversar sobre a
queda no rendimento. A própria pessoa pode perceber que está diferente
pelo simples fato de se isolar dos outros. Na família, há dificuldade de
se relacionar. A pessoa fica sem paciência, sem tempo e ausência de
carinho com os parentes”. Além disso, ela ressaltou que, uma pessoa que
apresenta algum problema, tem a probabilidade de mudar o comportamento.
“Não devemos esquecer que essa forma de exposição varia de pessoa para
pessoa. No trabalho é visível a alteração dos seguintes aspectos: queda
no desempenho, diminuição da atenção e concentração, alteração de humor,
isolamento, além de dispersão nas atividades e na forma de
executá-las”, pontuou.
Do lado da empresa, oferecer férias,
como fez a organização em que Roberto trabalha, também é uma boa opção,
segundo a psicóloga. “A empresa pode auxiliar também, como em casos
financeiros, dando um adiantamento salarial ou liberando um crédito
consignado. Já caso o problema esteja relacionado à saúde, o gestor pode
aconselhar a buscar um profissional da área ou, em casos de dependência
química, orientá-lo a buscar terapia”, aconselhou.
Fonte: Folha-PE/Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)